mardi 29 mai 2007
entre o meu olho e o teu
vaza uma palavra
ou melhor
um silêncio
ou talvez ainda
o infinito
nada aqui finda
na minha boca e na tua
o céu é vermelho
fora de nós o céu é azul
e no oco dele
vazam estrelas
enquanto entre pernas braços pelos bocas pênis seios língua
vazam ecos de nós
já não sabemos dizer sim
mesmo assim dizemos
o corpo dança nu e entregue
o abismo das palavras
nomes sujeitos objetos preposições
indiretos ecos ocos
qualquer posição é melhor do que nenhuma
ninguém sabe o que dizer
quando chega o fim
não mais prosa não mais poesia
o sinal está verde e você não consegue atravessar até o outro lado
me diz por que
tudo é e não ao mesmo tempo?
paradoxalmente tudo vaza o cheio o vazio o negro o branco o corpo o astrolábio
e
você também quando mais te quero
mesmo sem saber
mesmo sabendo
tudo é
coité 26.03.04
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