mardi 29 mai 2007


entre o meu olho e o teu

vaza uma palavra

ou melhor

um silêncio

ou talvez ainda

o infinito

nada aqui finda

na minha boca e na tua

o céu é vermelho

fora de nós o céu é azul

e no oco dele

vazam estrelas

enquanto entre pernas braços pelos bocas pênis seios língua

vazam ecos de nós



já não sabemos dizer sim

mesmo assim dizemos

o corpo dança nu e entregue

o abismo das palavras

nomes sujeitos objetos preposições

indiretos ecos ocos

qualquer posição é melhor do que nenhuma

ninguém sabe o que dizer

quando chega o fim

não mais prosa não mais poesia

o sinal está verde e você não consegue atravessar até o outro lado

me diz por que

tudo é e não ao mesmo tempo?

paradoxalmente tudo vaza o cheio o vazio o negro o branco o corpo o astrolábio

e

você também quando mais te quero

mesmo sem saber

mesmo sabendo

tudo é



coité 26.03.04

2 commentaires:

Anonyme a dit…

certamente:
como vc escreveu tudo é.
teu poema é de realização feliz, concreto e sentimento juntos e bem casados

anjobaldio a dit…

Olá Zé. Tô sempre te visitando aqui. Muito legal teu blog. Comprei alguns discos do Lou Reed na tua mão, lá no Kaya (do Edu), acho que você não se lembra. Grande abraço.